Em dezembro faz cinco anos que João Dias, de 18 anos, e mais dois jovens espanhóis foram colhidos por um comboio em Águas Santas, na Maia, enquanto tentavam pintar uma composição do transporte. Renato Oliveira, amigo do jovem graffiter, quer homenageá-lo com um documentário e mostrar a herança que Nord (o nome que João Dias adotou como “writer”) deixou na cultura graffiti.
Para conseguir que o documentário veja a luz do dia, ou neste caso, uma tela, Renato Oliveira precisa de angariar 850 euros – uma quantia que está a tentar obter através de uma plataforma de crowdfunding. “Este movimento trata-se de um movimento não organizado e sem fins lucrativos, que tem como principal objetivo homenagear o NORD e manter vivo o seu espírito livre”, explica na página da plataforma PPL. O teaser já foi apresentado.
O documentário “Nord Vive” não se fica, no entanto, pela vida de João Dias – que começou “no final de 2013 a pintar em casas abandonadas”. O projeto quer ir mais além: contém entrevistas com familiares e amigos de Nord, mas também vai explorar a arte do graffiti em Portugal. Depois da morte do jovem, que residia na Senhora da Hora, em Matosinhos, foram vários os artistas que o homenagearam, como Alexandre Farto, conhecido por Vhils. Cinco anos depois, o nome de Nord ainda é assinado em muitas paredes.
Renato Oliveira, também ele envolvido na arte do graffiti, é o produtor do documentário. O jovem de 23 anos, de Leça da Palmeira, foi quem deu o nome de Nord a João Dias. “J: Eyez ou North? R: North? E que tal Nord? J: És grande, vou ver isso!”, recorda Oliveira. À conceção do documentário junta-se Tomás Bandeira, que será o responsável pela realização e montagem do filme.
Até 30 de outubro, o objetivo é angariar 850 euros. Caso não seja cumprido, Renato Oliveira compromete-se a devolver o dinheiro. O público pode contribuir com qualquer valor, e consoante a quantia, é possível receber uma “recompensa” como uma t-shirt, um poster ou até mesmo uma cópia de DVD do futuro documentário.
Parte do projeto já está cumprido: algumas entrevistas já foram filmadas. Uma parcela do valor angariado, para além de rematar a realização do documentário, vai ajudar a criar um mural de homenagem a João Dias em Matosinhos, “numa parede legal” e com “artistas convidados”.
Há cinco anos, Nord e mais dois graffiters espanhóis perderam a vida na Maia. Em 2020, muitos querem que eles continuem a viver nas paredes. Na altura, ao JN, Mr. Dheo lamentou a morte dos colegas e afirmou: “Há 15 anos este jovem era eu. Tenho a sorte de hoje estar a viver esse sonho”.
Consultar artigo original aqui