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Com “um atraso de 30 anos”, variante à EN14 foi inaugurada 

Está inaugurada a variante à EN14, entre a Via Diagonal, na Maia, e o Interface Rodoferroviário da Trofa. A estrada, que já “tem barbas”, abriu ao trânsito por volta do meio-dia e rápido os condutores curiosos preencheram a via de carros. Mas “ainda há muito trabalho a fazer”, alertou o autarca maiato.

“Para ali é a Trofa”, ouvia-se esta manhã entre as dezenas de maiatos e trofenses que rodeavam a sala improvisada junto à empresa Transmaia para receber o primeiro-ministro, Luís Montenegro, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, e os presidentes da Câmara da Maia e da Trofa, António Silva Tiago e Sérgio Humberto, na cerimónia de inauguração da variante à EN14, entre a Via Diagonal, na Maia, e o Interface Rodoferroviário da Trofa.

A via, que custou 32 milhões de euros, conta com quatro viadutos e uma ponte e tem uma extensão de cerca de dez quilómetros com uma faixa em cada sentido na sua maioria. A velocidade máxima é de 80 quilómetros por hora.

Governantes e autarcas chegaram às 11 horas em ponto, momento que a placa de identificação da obra foi descerrada. Foi Sérgio Humberto quem abriu a ronda de discursos, sublinhando o facto de este ter sido o seu último ato público enquanto presidente da Câmara da Trofa. “Amanhã estou em trânsito para representar Portugal na União Europeia”, adiantou.

A importância da inauguração desta obra, “reivindicada há mais de 30 anos”, disse, justifica-se pelo facto de a área que junta Vila Nova de Famalicão, Maia e Trofa representar, “em exportações diretas, 5,6 mil milhões de euros”. “Ou seja, 7,2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional”, clarificou, notando faltar “mais uma coisinha para culminar tudo isto”: a extensão da variante à A3, um investimento de sete milhões de euros também contemplados no âmbito da obra de construção desta estrada.

“Contentamento chega com um atraso de 30 anos”

Também o presidente da Câmara da Maia, António Silva Tiago, salientou isso mesmo, descrevendo os seis concelhos (Porto, Maia, Matosinhos, Trofa, Famalicão e Braga) por onde passa a EN14 como o “coração exportador do norte”. “Estes seis municípios são responsáveis, no total, pela exportação de bens no valor de onze mil milhões de euros”, acrescentou o autarca maiato, sendo certo que este “contentamento chega com um atraso de 30 anos”. “A região não merecia e não pode repetir-se noutros investimentos essenciais que começam a tardar”, alertou.

Silva Tiago aproveitou a oportunidade também para “lembrar, com tristeza, que esta mesma EN14 ainda atravessa o centro da Maia em trincheira aberta, numa cicatriz que divide a minha cidade a meio”. Defendendo, contudo, que a “economia real” não pode abdicar de novas rodovias e de ligações entre zonas industriais e autoestradas, infraestruturas portuárias e aeroportuárias.

Por isso mesmo, reforçou a necessidade “da ligação do centro de carga aérea do Aeroporto Francisco Sá Carneiro à A28 e a ligação da A41 à zona industrial Maia II”. Dirigindo-se ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto, o autarca da Maia disse depositar “muita confiança nas vossas competências e neste domínio ainda há muito trabalho a fazer”, garantindo um canal aberto para parcerias com o Município.

“Estes investimentos são merecidos e retribuem aquilo que se cria aqui ao nível da riqueza”

“Esta obra, com todos os segmentos da requalificação e das variantes à EN14, tem barbas”, começou por admitir o primeiro-ministro, Luís Montenegro. O discurso do governante surgiu após a transmissão de um vídeo onde foram referidas todas as fases da obra, incluindo a etapa ainda em construção, entre a Trofa e Vila Nova de Famalicão, com uma ponte sobre o rio Ave.

Reconhecendo a zona como “uma das mais dinâmicas do país”, o primeiro-ministro observa que tal só acontece “em primeiro lugar por causa destas pessoas”. “Não há criação de riqueza sem empresas. Precisamos de falar delas sem complexos. Se não houvesse empresas, não havia emprego. E também não havia empresas se não houvesse pessoas. Quando se fala de empresas, não se fala só dos patrões”, afirmou Luís Montenegro, consciente de que muitos que o ouviam são, precisamente, trabalhadores naquela zona industrial.

“Uma empresa não é apenas a pessoa que tem o capital: é o conhecimento, a força de trabalho, a quota de mercado. Esta zona dá um exemplo a Portugal de que somos capazes de estar na linha da frente. Conseguimos estar, em muitas das áreas de atividade desta região, ao lado dos melhores dos melhores na Europa e no mundo”, observou o primeiro-ministro.

Perante a importância da indústria na economia do país, Luís Montenegro salienta o papel da administração pública de “tratar daquilo que está ao serviço de todos para que estes processos tenham sucesso”. Aplicar-se em “boas vias de comunicação” é uma delas, afirmou, reconhecendo, por exemplo, “um potencial ainda muito grande por explorar” no Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

“Estes investimentos são merecidos e retribuem aquilo que se cria aqui ao nível da riqueza. São também uma oportunidade que não deve ser desperdiçada. Vale a pena continuar a acreditar em Portugal. Temos todas as razões para por as nossas empresas a investir mais e para atrair investimentos vindos de fora para criar ainda mais escala na economia portuguesa”, reconheceu.

Luís Montenegro terminou o seu discurso dizendo que o objetivo em diminuir os impostos é criar um sentimento nos trabalhadores de “maior retribuição” pelo seu esforço e que a redução da carga fiscal sobre as empresas destina-se a um maior investimento das firmas na inovação, para compra de novo material “e também para o pagamento de melhores salários”.

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