A 39ª edição do Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude terá uma versão reduzida, mas com amarras na alegria. O Fazer a Festa começa nesta sexta, dia 10, na Maia, com espetáculos e uma homenagem à companhia Pé de Vento 

Nos últimos anos, o Teatro Art’Imagem atravessou momentos difíceis, mas manteve sempre o espírito de resistência cultural. Em tempos de pandemia, não baixou os braços e, em parceria com a Câmara Municipal da Maia, propõe-se avançar com uma versão “intimista” do Fazer a Festa, inteiramente ao ar livre, nos jardins da Quinta da Caverneira, onde a companhia está sedeada. 

O festival, concentrado ao fim de semana e de acesso livre (mediante reserva prévia), conta com espetáculos de cinco companhias e procura ser “um grande observatório do que se faz para a infância e juventude em Portugal”, referiu o diretor artístico, José Leitão, em declarações à agência Lusa. “Os nossos espetáculos são obras artísticas que tratam o teatro como arte e não como mero entretenimento. Não somos professores. Somos artistas. Não fazemos do teatro uma aula. As crianças vêm ao teatro para serem despertadas para as artes e falamos de todas as coisas que as crianças ouvem falar no mundo e não há temas tabus no teatro para a infância e juventude”, sublinhou.

O programa começa nesta sexta, 10, às 18h, com uma tertúlia sobre o tema da ordem do dia, a pandemia, fazendo o ponto da situação vivida por criadores, técnicos, companhias e programadores que se dedicam ao teatro para os mais novos. “O que é que a Covid-19 anulou e o que fazer perante esta situação, o que se perdeu, o que se vai ganhar? Porque temos de ganhar. É assim que a humanidade vai vencendo as coisas. E o teatro acompanha a evolução da humanidade”, disse o diretor. Segue-se uma homenagem à Pé de Vento, fundada em 1978 no Porto, uma das companhias mais antigas em Portugal a fazer teatro para a infância e juventude, e ao seu diretor, João Luiz, além da inauguração de uma exposição sobre o “percurso teatral singular” do encenador. 

Neste sábado, 11, às 18h, oportunidade para ver Contos do Lápis Verde, com encenação de João Luiz, um “trajeto imaginário através de um conjunto de pequenas narrativas de Álvaro Magalhães”, autor que tem acompanhado as produções da Pé de Vento ao longo dos anos. De Sintra, chega a companhia Chão d’Oliva, para apresentar o espetáculo de marionetas O Rei Vai Nu, neste domingo, 12, às 18h, uma adaptação do conto de Hans Christian Andersen, feita pelo também encenador Nuno Correia Pinto. “Infletimos a leitura tradicional, colocámo-nos noutra perspetiva e, do meio da feira de vaidades, despenalizamos os falsos tecelões. A necessidade aguça o engenho, e os falsos tecelões, com fome, apenas se aproveitam das aparências dominantes, da hipocrisia, e da abundância, mal distribuída, do sistema”, sublinha o criador.

No fim de semana seguinte, é a vez de se ouvir Histórias de Pássaros, uma leitura expressiva de textos de teatro para crianças feita pelo Art’Imagem, no sábado, 18, às 11h. Mais tarde, às 18h, o TE-ATO, de Leiria, sobe ao palco com O Fio da Linha do Horizonte, um monólogo escrito, interpretado e encenado por João Lázaro, com a ação a desenrolar-se a partir de uma caixa de pintura feita prédio, de onde emergem todas as personagens. No domingo, 19, às 18h, chega da Galiza a companhia Elefante Elegante, com a peça Lobo Bobo, a trocar as voltas a contos conhecidos por todos. E a mostrar a constante reinvenção do teatro para a infância e juventude.

Fazer a Festa – Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude > Jardins da Quinta da Caverneira > Av. do Pastor Joaquim Eduardo Machado, Águas Santas, Maia > T. 22 208 4014 > 10-19 jul, sáb-dom > Grátis, mediante marcação prévia

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