Governo avançou com uma das medidas mais extremas de tentativa de propagação da pandemia de Covid-19. A partir de segunda-feira mais de um milhão e seiscentos mil alunos, do pré-escolar ao universitário, ficam sem poder ir às aulas
A decisão que até há duas semanas poucos podiam prever foi anunciada esta quinta-feira: o Governo decretou o fecho de todos os estabelecimentos de ensino, das creches às universidades, a partir de segunda-feira.
A medida foi tomada depois da discussão do conselho de ministros e após consultas com todos partidos com assento parlamentar. E acabou por contrariar a recomendação técnica emitida na quarta-feira pelo Conselho Nacional de Saúde Pública (CNSP). Os especialistas em saúde entendiam que, na fase atual de propagação do novo coronavírus, a medida era desproporcionada.
Mas ponderadas todas as vantagens e prejuízos, o Governo decidiu mesmo avançar com o fecho das escolas.
Se o calendário escolar seguisse normalmente, a interrupção da Páscoa aconteceria a 30 de março, com as aulas a serem retomadas a 13 de abril.
Para já, as consequências desta interrupção são óbvias: dezenas de milhares de pais não vão ter outra alternativa se não ficar em casa a tomar conta das crianças.
Quanto à recuperação de aulas, calendário de exames e concurso de acesso ao ensino superior é prematuro antecipar efeitos. Tudo depende da evolução do surto nos próximos dias e da duração da suspensão das aulas.
Os diretores das escolas públicas já assumiram que não há condições técnicas e materiais para garantir um ensino à distância em massa.
Portugal não é o primeiro país a tomar esta medida e sucedem-se os anúncios de encerramento: Itália, Polónia, Bulgária, Dinamarca, Noruega, Grécia, Turquia, Irlanda e, há momentos, França também já impuseram o fecho das escolas. Noutros países, como em Espanha, a decisão abrange apenas a comunidade de Madrid e algumas regiões do País Basco.
Nos últimos dias e perante o aparecimento dos primeiros casos confirmados em comunidades escolares, a inquietação foi-se instalando. Se houve escolas onde as autoridades de saúde determinaram o encerramento das instalações devido à existência de casos confirmados – em Portimão, na Amadora ou em Santa Maria da Feira, por exemplo – noutras onde houve casos de alunos com familiares infetados apenas alguns elementos da escola foram mandados para casa ou nem isso, limitando-se a uma vigilância dos sintomas e precaução nos contactos sociais. Entre as escolas privadas sucederam-se o anúncio de fechos preventivos.
Portugal já confirmou 78 infeções no território, um número que deverá crescer diariamente. No mundo, segundo o Instituto Johns Hopkins, há mais 127 mil casos confirmados, com 68.300 doentes já recuperados e mais de 4700 mortes.
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