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Lar do Comércio vai aumentar mensalidade para o triplo do valor

Maia, 19/11/2020 – Conferencia de imprensa de apresentação do movimento de associados do Lar do Comércio que apresenta uma lista candidata às eleições no lar. A lista é encabeçada por António Manuel Bessa e é opositora aos corpos gerentes atuais. (Pedro Correia/Global Imagens)

Idosos e familiares foram surpreendidos com uma missiva da direção em que são pedidos 1800 euros a cada utente. Residência está ilegal.

A polémica voltou a abalar os alicerces de O Lar do Comércio, em Leça do Balio, Matosinhos, uma estrutura residencial para idosos que continua ilegal e que quer agora cobrar aos 150 utentes uma mensalidade de 1800 euros – o triplo do valor praticado, em média, atualmente, a entrar em vigor a 1 de julho.

A notícia surpreendeu idosos e familiares, que souberam do aumento através de uma carta assinada pela Direção da instituição e datada de 26 de maio, na qual se afirma que a “a situação do Lar do Comércio é extremamente preocupante”, sendo que “a sua viabilidade no tempo está francamente ameaçada”.

Na missiva, a que o JN teve acesso, fala-se na necessidade de “assumir medidas aguerridas”, pelo que “as mensalidades terão de se fixar na base dos 1800 euros (comparticipação do utente+comparticipação familiar+ comparticipação Segurança Social de 473,92 euros)”. Face à indignação gerada, a direção da instituição realizou, anteontem, uma reunião que juntou utentes, familiares e associados, em que se questionou a falta de legalização do lar e os vetos, por parte de associados, do orçamento e da alienação de propriedades detidas pelo Lar do Comércio.

Património avultado

Ao JN, o familiar de um utente, que preferiu não se identificar, adiantou que “o total avaliado pelo gestor financeiro [da instituição] para o património a alienar ronda os 1,8 milhões de euros, dinheiro que dava para suprir as dificuldades e legalizar o lar”.

A mesma fonte antecipa dificuldades para grande parte dos utentes. “São 1800 euros, mas por fora temos de pagar medicamentos, fraldas, deslocações dos utentes em ambulância para centros de saúde e hospitais… Sai tudo do nosso bolso. É muito dinheiro; estamos a falar num total de perto de 2500 euros”, contabiliza, vincando que o aumento pretendido deveria, ser efetuado “de acordo com os rendimentos” dos utentes.

Até porque, diz a mesma fonte, alguns utentes “entregaram património [à instituição], como casas e ouro. O problema é que não aparecem os documentos das doações, e já ninguém sabe quem deixou o quê”. Por outro lado, “estão sempre a impugnar as vendas”.

Ameaça de fecho a 31 de agosto

De acordo com a fonte ouvida pelo JN, o assessor financeiro da instituição, Paulo Castro, afirmou, na reunião de anteontem, que encerraria a estrutura residencial para idosos a 31 de agosto, caso a instituição não consiga atingir a verba necessária para efetuar a legalização do lar, que não dispõe de licença de utilização para funcionar como tal. No entanto, na missiva de maio dirigida aos utentes, a instituição refere que “existe um acordo de cooperação em vigor com a Segurança Social”.

O JN contactou o assessor financeiro da instituição, Paulo Castro, que recusou prestar esclarecimentos.

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