No concelho com o maior número de casos de COVID-19 diagnosticados, António Silva Tiago equacionou decretar um plano de contingência mais restritivo, mas a ARS-Norte garante que as medidas em curso na Maia são as mais adequadas
O presidente da ARS do Norte garantiu esta tarde ao presidente da Câmara da Maia que as medidas que estão em vigor no concelho e no país são as mais adequadas, não se justificando neste momento qualquer alteração. António Silva Tiago evocou a possibilidade de ser decretado o estado de calamidade no concelho e a instituição de um cordão sanitário, mas o principal responsável da administração de saúde do Norte, Carlos Nunes, revelou que a situação da Maia não é diferente da maioria dos concelhos do norte e do país.
Em comunicado, a autarquia refere que a ARS-N sustenta que um cordão sanitário só se justifica, do ponto de vista técnico, quando se está perante uma transmissão comunitária, não havendo dados, neste momento, que isso se verifique na Maia, onde estão identificadas as cadeias de transmissão do vírus.
A autarquia adianta que a iniciativa do presidente da Câmara da Maia de confrontar a autoridade de saúde foi despoletada pela informação da Direção Geral de Saúde de que a Maia é o concelho do País com o terceiro maior número de casos de COVID-19 diagnosticados. António Silva Tiago exigiu explicações ao presidente da ARS do Norte, solicitando indicações quanto às medidas a tomar – neste momento a Câmara já tomou todas as medidas que legalmente pode tomar, sendo que outras medidas mais drásticas terão que ser decretadas pelas autoridades de saúde e políticas nacionais.
“A Câmara da Maia está a monitorizar a evolução da situação e em permanente contacto com as autoridades, estando pronta para exigir mais medidas quando e se isso se justificar”, garante António Silva Tiago.
Para tranquilizar os maiatos, o executivo municipal afiança que o facto de o concelho ter o terceiro maior número de casos “deve ser relativizado”, quando comparado com outros concelhos, devido ao número de habitantes do concelho da Maia. “A Maia tem características muito específicas: faz fronteira com sete municípios da AMP, é sede do segundo maior aeroporto do País e é altamente industrializado, o que obriga, apesar das medidas adotadas pelas empresas em relação ao teletrabalho, à deslocação diária de milhares de pessoas”.
O autarca lembra que própria DGS já veio dizer, posteriormente, que a listagem estatística por concelho que divulgou “corresponde apenas a 54% dos casos confirmados, o que, no mínimo, destitui de rigor qualquer extrapolação que dela se possa fazer”. Os números da Maia correspondem, porém, aos que têm resultado do acompanhamento efetuado pela Câmara da Maia junto das autoridades locais de saúde pública.
A Câmara da Maia já tomou um conjunto medidas de contenção da epidemia e de apoio à população, e, até às autoridades locais e regionais de saúde, das quais se destacam a cedência de meios de comunicação à autoridade pública de saúde local, a aquisição e a respetiva entrega de equipamentos de proteção individual, reforço de pessoal para os serviços de atendimento de urgência e acompanhamento COVID, negociação com unidades hoteleiras para receção de profissionais de saúde infetados, a desinfeção de instalações de saúde pública, e a instalação de um Centro de Rastreio Móvel Covid Maia, em parceria com o ACES, o município exige igual empenho por parte das autoridades de saúde
Todas as iniciativas e eventos públicos que se realizam no concelho da Maia, desde 20 de fevereiro que são previamente comunicadas às autoridades de saúde pública regional e local e só com a sua aprovação é que se concretizam.
Entretanto, o presidente da Câmara da Maia já solicitou à Polícia de Segurança Pública e à Guarda Nacional Republicana uma intervenção ainda mais assertiva no aconselhamento à população para se manter em casa, tendo igualmente recomendado à Polícia Municipal uma atenção redobrada a essa situação. Neste momento, a única coisa que os maiatos podem e devem fazer é ficar em casa e respeitar as indicações e ordens das autoridades de saúde e autoridades civis decorrentes da situação de estado de emergência. Esse é o apelo da Câmara da Maia, garantindo que está na primeira linha para defender a saúde e a tranquilidade dos maiatos.